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Do asfalto às telonas: como a Fórmula 1 se tornou case de marketing de conteúdo

A Fórmula 1, uma das marcas mais valiosas e reconhecidas do mundo, realizou recentemente uma das maiores e mais impressionantes ações de marketing de conteúdo da história recente.

Com o lançamento de “F1: O Filme“, a marca não apenas solidificou sua posição como um gigante do entretenimento, mas também demonstrou uma maestria ímpar em uma espécie de “inception” do marketing: marketing dentro do marketing, dentro do marketing.

O produto final, claro, é a própria Fórmula 1.

f1 marca

O objetivo era bem claro: aumentar a audiência, o engajamento e, consequentemente, o valor da marca. Para isso, a F1 apostou em um filme de grande orçamento, estrelado por Brad Pitt, que não apenas foi um sucesso de bilheteria, mas também serviu como um poderoso chamariz para atrair mais fãs para o esporte.

E, como se não bastasse, para promover o filme, a F1 e seus parceiros desencadearam uma avalanche de ações de marketing – conectando múltiplos canais e gerando valor em cada um deles.

Tudo isso se soma ao já estrondoso sucesso de “Drive to Survive”, a série da Netflix que, nos últimos anos, vem transformando a demografia e a popularidade da F1 em escala global.

Quer entender melhor como a Fórmula 1 vem explorando o marketing de conteúdo em níveis colossais? Confira logo a seguir!

Lançamento do filme: um plano ambicioso

O lançamento de “F1: O Filme” não foi apenas mais um filme de Hollywood. Foi uma jogada estratégica calculada para impulsionar a Fórmula 1 a novos patamares de popularidade e valor.

Com um orçamento estimado em cerca de 300 milhões de dólares, tornando-o um dos filmes mais caros já produzidos, a Apple Original Films e a F1 demonstraram uma ambição sem precedentes. A expectativa de arrecadação entre 59 e 75 milhões de dólares no fim de semana de estreia já sinalizava o potencial comercial da produção, superando filmes de corrida anteriores como “Ford vs. Ferrari” e “Gran Turismo”.

Mas o sucesso financeiro nas bilheterias era apenas uma parte da equação. O verdadeiro objetivo era replicar e amplificar o “efeito Drive to Survive”, atraindo uma nova onda de fãs para o esporte.

O filme foi concebido para ser acessível tanto para os aficionados por automobilismo quanto para o público leigo, com explicações sutis sobre as nuances das corridas e da engenharia dos carros. A autenticidade foi garantida pela participação de pilotos reais da F1, como Lewis Hamilton, Lando Norris, Charles Leclerc e George Russell, que não apenas fizeram aparições, mas também filmaram cenas durante corridas reais da temporada. A colaboração de Lewis Hamilton na produção e roteiro do filme reforçou ainda mais essa busca por realismo e imersão.

F1 filme

O impacto inicial foi notável. A receita da Fórmula 1 no trimestre de lançamento do filme aumentou em 40%, com 15% desse crescimento diretamente atribuído ao filme. Além disso, houve um aumento significativo nas assinaturas da F1 TV, a plataforma de streaming oficial do esporte.

As avaliações positivas, como os 88% no Rotten Tomatoes, que descreveram o filme como um “comercial de duas horas e meia com uma história surpreendentemente envolvente”, confirmaram que a F1 conseguiu criar um produto de entretenimento de alta qualidade que, ao mesmo tempo, servia como uma poderosa ferramenta de marketing para a marca.

A conexão de vários canais para gerar valor

O sucesso de “F1: O Filme” não se limitou à tela grande. A estratégia de marketing por trás do filme foi uma verdadeira aula de como conectar múltiplos canais para gerar valor e engajamento. A F1 e seus parceiros entenderam que, para maximizar o impacto, era preciso ir além da publicidade tradicional e criar uma experiência imersiva que envolvesse os fãs em diferentes plataformas.

Um dos pontos mais inovadores foi a integração dos patrocinadores. O filme garantiu 40 milhões de dólares em patrocínios para a equipe fictícia APXGP, e, diferentemente dos tradicionais product placements, os logotipos dos patrocinadores estavam visíveis ao longo de todo o filme. Isso criou uma oportunidade única para marcas como Expensify, Tommy Hilfiger, SharkNinja, Mercedes-Benz, EA Sports, Heineken e T-Mobile. Essas empresas não se contentaram com a exposição passiva – elas ativaram seus patrocínios de maneiras criativas e impactantes.

  • A Heineken UK aproveitou a estreia do filme em Londres com posts de Gareth Bale no Instagram, gerando um valor de mídia estimado em mais de 902 mil dólares e alcançando 25.7 milhões de usuários.
  • A McDonald’s, parceira regional da F1 na América Latina, lançou Happy Meals de edição limitada com miniaturas exclusivas da F1, apelando à nostalgia e gerando um engajamento viral global.
  • A Pirelli, fornecedora oficial de pneus da F1, colaborou com a Hot Wheels para criar réplicas em miniatura do carro da APXGP, trazendo o universo do filme para a realidade e gerando um buzz significativo nas redes sociais.
  • A própria Apple, produtora do filme, utilizou sua expertise tecnológica para amplificar a promoção. Foram enviadas notificações push para descontos em ingressos, pontos de interesse relacionados às filmagens foram adicionados ao Apple Maps, e até mesmo um trailer com feedback tátil foi lançado no Apple TV.

Essas ações demonstram a importância de uma abordagem multicanal, onde cada plataforma e cada parceiro contribuem para uma narrativa coesa e envolvente.

Além disso, a participação de pilotos reais da F1 nas filmagens e o uso de logotipos de patrocinadores em seus uniformes no filme geraram centenas de milhões de euros em receita de patrocínio e um reconhecimento excepcional para as marcas. O filme se tornou parte do ecossistema da Fórmula 1, e as ativações de patrocínio não foram apenas sobre publicidade, mas sobre a criação de uma experiência integrada para os fãs.

Uma estratégia que evoluiu: do Drive to Survive ao filme da F1

F1 filme

O filme “F1: O Filme” não surgiu do nada. Ele é o ápice de uma estratégia de marketing de conteúdo que a Fórmula 1 vem aprimorando há anos, com o “Drive to Survive” da Netflix sendo o marco inicial. Lançada em 2019, a série documental foi amplamente creditada por impulsionar a popularidade da F1, especialmente nos Estados Unidos, e por rejuvenescer o esporte para uma nova geração de fãs.

Inicialmente, o “efeito Netflix” foi visto como a principal força por trás do crescimento da F1. Pesquisas indicavam que uma parcela significativa dos novos fãs americanos atribuía seu interesse à série. No entanto, a realidade é mais complexa. Embora “Drive to Survive” tenha sido fundamental para introduzir a F1 a um público mais amplo, seu impacto direto na audiência das corridas de TV foi menor do que se imaginava. O verdadeiro poder da série foi em criar uma vasta base de fãs que, mesmo sem assistir a todas as corridas, se engajavam com o esporte de outras formas.

Essa mudança no comportamento do fã levou a F1 a uma compreensão mais profunda do marketing de conteúdo. A organização percebeu que não se tratava apenas de transmitir corridas, mas de contar histórias, criar narrativas e construir uma comunidade.

É aqui que entram os influenciadores e criadores de conteúdo. Eles se tornaram peças-chave na estratégia, mostrando um lado mais humano e acessível do esporte, e atraindo um público mais jovem, mais feminino e mais diverso culturalmente. Além disso, a flexibilização das regras de licenciamento pela Liberty Media, proprietária da F1, permitiu que pilotos e equipes compartilhassem mais conteúdo nas redes sociais, aproximando ainda mais os fãs.

O filme da F1 é, portanto, uma evolução natural dessa estratégia. Se “Drive to Survive” abriu as portas para um novo público ao mostrar os bastidores e as personalidades do esporte, o filme leva essa imersão a um novo nível, transformando a F1 de um produto puramente esportivo em uma marca de estilo de vida. Ele capitaliza o interesse gerado pela série, mas o faz de uma forma que transcende o documentário, oferecendo uma experiência cinematográfica que, ao mesmo tempo, serve como uma poderosa ferramenta de engajamento e aquisição de novos fãs.

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Trazendo ao mundo dos mortais: o que podemos aprender com a F1?

O case da Fórmula 1, com seu filme de Hollywood e a série de sucesso na Netflix, é incrível. Mas nem toda empresa tem o poder financeiro de lançar um filme estrelado pelo Brad Pitt, né?!

No entanto, a lição mais valiosa que podemos extrair dessa estratégia é a importância de conectar canais e gerar conteúdo de valor em todos eles, independentemente do tamanho do investimento.

A F1 demonstrou que o marketing de conteúdo eficaz vai além da simples publicidade. Trata-se de construir narrativas envolventes, criar experiências imersivas e, acima de tudo, entender e engajar seu público onde ele estiver. Para as “empresas mortais”, isso significa:

  • Conheça seu público. Assim como a F1 identificou a necessidade de atrair um público mais jovem e feminino, sua empresa precisa entender quem é seu cliente ideal, quais são seus interesses e onde ele busca informações.
  • Conte histórias autênticas. O sucesso de “Drive to Survive” e do filme da F1 reside na capacidade de humanizar o esporte, mostrando os bastidores, as emoções e as personalidades. Sua marca também tem histórias para contar. Mostre o lado humano da sua empresa, os desafios superados, os valores que a movem e o impacto que ela gera na vida das pessoas.
  • Explore múltiplos canais. Não é preciso ter um filme de Hollywood, mas é fundamental estar presente onde seu público está. Comece com o básico: um site otimizado, perfis ativos nas redes sociais relevantes para o seu nicho, e-mail marketing para nutrir leads e uma newsletter para manter seu público informado. Se fizer sentido para sua estratégia, explore podcasts, vídeos curtos, e-books e webinars.
  • Crie conteúdo de valor. A F1 não apenas promoveu seu filme; ela criou um filme que era, em si, uma peça de conteúdo de valor. Para sua empresa, isso significa ir além da venda direta. Ofereça informações úteis, resolva problemas, eduque seu público, entretenha-o. Conteúdo de valor constrói confiança e autoridade.
  • Incentive o engajamento e a comunidade. A F1 flexibilizou suas regras para permitir que pilotos e equipes gerassem mais conteúdo, transformando-os em influenciadores. Sua empresa pode incentivar seus colaboradores a serem embaixadores da marca, criar grupos de discussão, responder ativamente aos comentários e promover a interação com seu público. Transforme seus clientes em parte da sua história.
  • Seja adaptável e evolua. A F1 não parou no “Drive to Survive”. Ela continuou a inovar com o filme e outras ações. O marketing de conteúdo é um processo contínuo. Monitore seus resultados, aprenda com o que funciona (e o que não funciona) e esteja sempre disposto a adaptar sua estratégia e explorar novas formas de se conectar com seu público.

Em um mundo onde a atenção é a moeda mais valiosa, a Fórmula 1 nos mostra que o marketing de conteúdo não é um luxo, mas uma necessidade. Ao investir em narrativas envolventes e na conexão multicanal, qualquer marca, independentemente do seu tamanho, pode acelerar seu crescimento e construir um relacionamento duradouro com seu público.

Você curtiu as lições trazidas pelo case de marketing de conteúdo da F1? Continue acompanhando o blog da Octans para mais conteúdos como este!